14 de out. de 2011

Mix de gerações é desafio para RH

Apesar da grande valorização dos jovens no mercado de trabalho, os profissionais veteranos continuam em alta no mundo corporativo, dada a experiência que eles carregam e quanto podem agregar ao dia a dia das empresas. Respeitar e saber misturar qualidades de profissionais de diferentes gerações são desafios para as corporações e, principalmente, para as áreas de Recursos Humanos, a quem cabe zelar pela gestão das pessoas como um conjunto.
 
"Atualmente, os mais experientes são muito mais dispostos, antenados e interessados", afirma Dino Mocsányi, mentor do Portal Consultores. Ele acredita que houve, de fato, um movimento recente de supervalorização dos jovens, mas essa tendência parece estar mudando por motivos como falta de mão de obra qualificada e consciência de que a experiência conta, sim, pontos positivos.
 
Muitas empresas já perceberam que a convivência entre os jovens e os seniores traz ganhos para ambos e para a corporação, desde que haja sinergia entre os profissionais e que eles estejam orientados a um objetivo comum, sem competição. A Unimed Paulistana endossa essa tese. A empresa mantém em seu quadro de colaboradores com idades entre 16 e 70 anos. "Valorizamos a diversidade e acreditamos que a interação entre as gerações gera conhecimento mútuo e troca de experiência rica para cada geração. Nossos líderes são orientados a promoverem a sinergia entres essas pessoas", explica Christiane Pardo, coordenadora de Treinamento e Desenvolvimento da companhia.
 
Aproveitar qualidades
 
É fácil entender que cada geração tem suas características e diferenciais. Difícil é fazer com que profissionais de épocas e vivências distintas convivam, somem e tragam resultados. Christiane conta que a Unimed Paulistana tem um programa de incentivo à contratação de pessoas com mais de 45 anos, com a intenção de agregar valores que os jovens não têm. "Conflitos no dia a dia acontecem por muitos motivos, estilo de gestão e perfil, tipo de formação, demandas de trabalho, processos que permeiam várias áreas. Geralmente, isso se dá pela agilidade e conhecimento da geração Y e Z com relação à tecnologia versus a experiência prática, maturidade para tratar os assuntos dos mais velhos. Procuramos acompanhar de perto os conflitos e resolvê-los pontualmente", diz.
 
A ideia de que profissionais com idade por volta de 50 anos têm aversão à tecnologia não se mostra verdadeira. "Um homem dessa idade hoje em dia leva uma vida tão ou mais agitada que um jovem: pratica exercícios físicos, namora, se interessa pelas novidades, gosta de aprender, de ensinar e adora trabalhar. O que ainda não mudou é essa visão preconceituosa de que envelhecer significa ficar defasado", afirma Mocsányi. "Por outro lado, os jovens têm o ímpeto de inovar, desbravar, superar valores e paradigmas atuais, que é um gás fundamental para as empresas", completa.
 
Para Christiane, cada geração possui lacunas profissionais específicas que necessitam de atenção. "Tratamos de forma natural as necessidades de desenvolvimento de todos os colaboradores independente das gerações, uma vez que levantamos as necessidades de desenvolvimento, avaliamos as competências e realizamos programas de desenvolvimento, seja com treinamentos, 'job rotation' ou indicação de cursos de formação", explica.
 
Dificuldades e benefícios
 
A experiência tem mostrado que as maiores dificuldades para mistura de gerações no ambiente de trabalho ainda decorrem da má interpretação que um grupo tem do outro. Para Mocsányi, bons profissionais têm que se dispor a entender o outro e se fazer entender. "Os mais velhos não podem enxergar os jovens como ameaça, mas como futuros responsáveis pela empresa e, por isso, precisam ter acesso a informações", diz. "Da mesma forma, os mais novos não podem olhar para os mais velhos achando que só falam bobagens. É preciso aprender a viver o presente com o que o passado nos ensinou e com o que as novidades propõem. A maior dificuldade é conseguir enxergar os valores das diferentes idades", orienta.
Christiane acredita que, para a Unimed Paulistana, os principais benefícios de manter funcionários mais maduros sejam a manutenção da cultura; gestão do conhecimento, que facilita a difusão das políticas internas; e maior conhecimento de mercado, que ajuda na tomada de decisões.
 
É nessa mistura diária que a área de Recursos Humanos deve atuar, diminuindo ruídos, esclarecendo desentendimentos, valorizando qualidades e, principalmente, encontrando as missões e responsabilidades para cada tipo de geração. "O melhor mix é ter jovem que não signifique ameaça imediata para o mais maduro e que este não represente uma barreira para o mais jovem", finaliza Mocsányi.
 
Por Fernanda de Almeida e Lucas Toyama >> www.canalrh.com.br